Santa Rosa, a “favelinha” de Araguaia, esquecida pela administração de Marechal Floriano

 

Moradores convivem com as caixas d’águas vazias, a ausência de redes e tratamento dos esgotos, de iluminação pública e calçadas na rodovia, de área de laser para a criançada, de médicos especialistas no postinho, de cobertura nos pontos de ônibus, de limpeza nas ruas, de melhoria nas estradas de terra, de transporte para as crianças e auxiliar para a creche, de ônibus aos domingos… Ufa!

 


Este quinto artigo da série surgiu no bar Chega Mais, na comunidade Santa Rosa, localizada há 700 metros do distrito de Araguaia, na Rodovia ES 146, que sediou, na noite de quarta-feira, 11/07, uma reunião política com o Grupo Pensar Marechal.




Moradores se reuniram, a convite da pré-candidata a vereadora Isaura Busato (PT/PV) para fazerem um relato dos problemas que a comunidade enfrenta aos demais pré-candidatos presentes: Reginaldo Penha ao cargo de prefeito, Alzira e o Pastor Zaqueu como aspirantes ao cargo de vereador/a pela Federação Brasil da Esperança.

Os anfitriões, Gerson e Noemir, cederam o salão do bar e participaram, diagnosticando a realidade difícil de Santa Rosa, que é semelhante a da Vila dos Ipês, do bairro Santa Rita, da Comunidade da Rua da Linha (Rua Delimar Schunk) e outras localidades de Marechal Floriano, as quais o Grupo Pensar Marechal esteve presente.

A primeira referência, feita por uma moradora, foi a discriminação que a comunidade sofre dos vizinhos do distrito de Araguaia. — Somos tachados de “Favelinha”. E a explicação para o termo depreciativo vem do fato que Araguaia é provida de atendimento público em diversas áreas e Santa Rosa parece invisível aos quatro gestores que administraram o município, desde a emancipação, em 1991.

Outro morador deu vários exemplos, sendo um deles a limpeza — capina, roça e varrição — que cessa depois da Comunidade de Santo Antônio, e recomeça novamente nos arredores de Araguaia, pulando Santa Rosa. 

Por que em Araguaia tudo tem e Santa Rosa não tem?




Para demonstrar ainda mais essa discriminação, moradores dizem que a comunidade é criteriosamente esquecida. “A rede de esgoto de algumas casas foi construída pelos próprios moradores e os dejetos, sem tratamento, vão direto para o rio”, disse um morador. Contam que o prefeito até daria os canos, mas um problema local fez com que ele desistisse da doação. Situação perfeita para um administrador que não cuida da cidade, em que os moradores, cansados de esperar, resolvem os problemas públicos, substituindo o papel da prefeitura.

No entanto, a maioria das casas usam fossas e como não têm água tratada pela Cesan, que cruelmente só abastece Araguaia, as famílias constroem poços artesianos. Essa configuração deu outro título a Santa Rosa: alta contaminação por Schistosoma mansoni, o verme que se hospeda no caramujo e causa a Xistose (Esquistosomose), doença que inicialmente é assintomática, mas na fase crônica causa aumento do fígado e do baço, cirrose, hemorragias, inchaço no abdome e que pode levar à morte, se não for tratada.

Os moradores pagam IPTU e a exorbitante taxa de lixo que é recolhido duas vezes por semana pelos caminhões da empresa contratada pela prefeitura. Porém, os latões para armazenar o lixo, até que o caminhão recolha, foram comprados pelas famílias, novamente substituindo o papel da prefeitura.

Pontos de ônibus

Sem cobertura, passageiros esperam em pé, debaixo de chuva, sob o sol ou a poeira, os ônibus da empresa Cordial que circulam de Araguaia à Campinho (Domingos Martins) duas vezes pela manhã e o mesmo tanto no final da tarde, tipo bate e volta. Isso de segunda a sábado. No domingo a empresa não oferece o serviço.

Já a Águia Branca oferece apenas dois horários, inclusive aos domingos. E como disse uma moradora: “A gente precisa ficar doente quando tem ônibus, pois senão não tem como ir à policlínica na sede, já que o serviço de táxi custa, em média, de R$90 a R$120 dependendo de quem você é. 

Calçadas e iluminação pública

Os moradores precisam ir à vizinha Araguaia pra quase tudo: consultas médicas, levar os filhos para a escola e creche, pagar contas e até frequentar às áreas de lazer que lá existem. Mas não têm calçadas margeando a Rodovia. A iluminação pública é precária, o que coloca em risco a vida de crianças e adultos que disputam o acostamento com o trafego pesado de carretas que transportam eucalipto para a empresa Suzano.

Os relatos demonstram que a comunidade não entende porque são excluídos do mapa de Araguaia e todos os serviços públicos do município, quando todos pagam impostos do mesmo jeito que os vizinhos. “Nem placa indicando que nós existimos têm na Rodovia que corta o bairro”, reclamou uma moradora.

O pré-candidato a prefeito, Reginaldo Penha, ouviu todas as queixas e encerrou a reunião afirmando que a administração precisa ser cobrada e que somente a união de todos ali poderia mudar esse quadro, já que nos 33 anos de emancipação de Marechal Floriano, a cidade foi administrada por 3 famílias e que não houve, por parte desses gestores, planejamento para atender ao crescimento da população e resolver os problemas estruturais que hoje afetam dolorosamente os mais pobres, a classe trabalhadora.

“Pensar Marechal para os próximos 30 anos requer conhecer as necessidades do nosso povo. E só quem conhece, que cresceu e viveu nessas regiões, pode cuidar para que Marechal possa ser a cidade de todos, compromisso que o Presidente Lula expressa todos os dias”, disse Reginaldo.



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